Lembro-me do alvoroço em 1996 e 1997 quando o Governo do Distrito Federal, sob o comando de Cristóvão Buarque, lançou e implementou a lei de respeito à faixa de pedestre.
Eu já dirigia e tive dúvidas durante um bom tempo. Por exemplo, não sabia se tinha de esperar o pedestre chegar ao outro lado da rua, lá no meio fio do lado esquerdo, se eu estou parado na faixa da direita. Um dia, tentei arrancar com o carro antes de um senhor chegar ao outro lado e o policial me chamou a atenção.
Às vezes brigava com os pedestres, eu sozinho dentro do carro, porque alguns chegavam perto da faixa e, provavelmente por insegurança, não faziam o movimento de atravessar a rua. Alguns carros paravam, outros não, uns diminuíam a velocidade e tinham dúvidas quanto à necessidade de parar.
Quase batiam.
Mas é isso mesmo. Educação é um processo. Lê-se; ouve-se; tenta-se entender; discute-se; indigna-se, talvez; aprende-se; aceita-se; internaliza-se. Muda-se o comportamento.
Senti-me orgulhoso de participar de tudo aquilo. Viajar para outras cidades e contar como os carros paravam para os pedestres. Como motorista, orgulhava-me - e ainda me orgulho - de parar para os pedestres. Como pedestre, sentia-me seguro e me sentia em um país desenvolvido.
Daí vieram outros governadores, um que nem se importava com educação.
Outro que mandou fazer lombadas nas faixas. Nunca entendi essa. Achava que o objetivo era sinalizar onde estavam as faixas, então não fazia sentido a faixa sobre a lombada. Mas provavelmente foi falta de entendimento meu.
Houve também postes com holofotes iluminado as faixas; depois surgiu o sinal de vida.
Para mim, todos esses foram sinais de que o processo educacional não foi completo. Precisávamos de mais tempo sob o efeito da campanha de lançamento. Precisava-se incluir educação de trânsito nas escolas.
Hoje, parece-me que as faixas estão funcionando... mais ou menos... às vezes... talvez.
Parece-me que o pedestre tem de desafiar os motoristas; fazer o sinal de vida e colocar pelo menos um dos pés na rua. Daí os carros começam a parar. Caso contrário, a maioria dos motoristas finge que não há ninguém querendo atravessar a rua.
Mais recentemente os motoristas têm acendido o pisca alerta para informar aos outros motoristas que há pedestres atravessando na faixa. Pelo menos eu acho que isso surgiu dos motoristas.
No início eu não concordava, mas acabei aderindo depois que um carro com pista alerta ligado foi o que me fez parar na faixa, pois eu não tinha visto o pedestre que ainda estava atrás de um ônibus na faixa da direita.
No Guará II, parece que nada está funcionando para os motoristas pararem.
Próximo à entrada da QE 30 do Guará II, por exemplo, há uma faixa de pedestres e acabaram de instalar um semáforo que ainda não está funcionando.
Semáforos em vez de educação.
Talvez os prédios ao fundo tenham alguma relação com essa nova necessidade de controle do trânsito. Mudança de destinação das áreas e mudança do gabarito dos prédios. Como resultado, muito mais pessoas e carros circulando pela cidade.
Em outro ponto da mesma avenida, mas no sentido contrário, próximo à entrada do Polo de Moda do Guará, já havia faixa de pedestres e quebra-molas, talvez dez metros antes da faixa. Também instalaram um semáforo.
Quebra-molas em vez de educação. Agora, quebra-molas e semáforo em vez de educação.
E assim caminhamos.
Marcelo Elias
Eu já dirigia e tive dúvidas durante um bom tempo. Por exemplo, não sabia se tinha de esperar o pedestre chegar ao outro lado da rua, lá no meio fio do lado esquerdo, se eu estou parado na faixa da direita. Um dia, tentei arrancar com o carro antes de um senhor chegar ao outro lado e o policial me chamou a atenção.
Às vezes brigava com os pedestres, eu sozinho dentro do carro, porque alguns chegavam perto da faixa e, provavelmente por insegurança, não faziam o movimento de atravessar a rua. Alguns carros paravam, outros não, uns diminuíam a velocidade e tinham dúvidas quanto à necessidade de parar.
Quase batiam.
Mas é isso mesmo. Educação é um processo. Lê-se; ouve-se; tenta-se entender; discute-se; indigna-se, talvez; aprende-se; aceita-se; internaliza-se. Muda-se o comportamento.
Senti-me orgulhoso de participar de tudo aquilo. Viajar para outras cidades e contar como os carros paravam para os pedestres. Como motorista, orgulhava-me - e ainda me orgulho - de parar para os pedestres. Como pedestre, sentia-me seguro e me sentia em um país desenvolvido.
Daí vieram outros governadores, um que nem se importava com educação.
Outro que mandou fazer lombadas nas faixas. Nunca entendi essa. Achava que o objetivo era sinalizar onde estavam as faixas, então não fazia sentido a faixa sobre a lombada. Mas provavelmente foi falta de entendimento meu.
Houve também postes com holofotes iluminado as faixas; depois surgiu o sinal de vida.
Para mim, todos esses foram sinais de que o processo educacional não foi completo. Precisávamos de mais tempo sob o efeito da campanha de lançamento. Precisava-se incluir educação de trânsito nas escolas.
Hoje, parece-me que as faixas estão funcionando... mais ou menos... às vezes... talvez.
Parece-me que o pedestre tem de desafiar os motoristas; fazer o sinal de vida e colocar pelo menos um dos pés na rua. Daí os carros começam a parar. Caso contrário, a maioria dos motoristas finge que não há ninguém querendo atravessar a rua.
Mais recentemente os motoristas têm acendido o pisca alerta para informar aos outros motoristas que há pedestres atravessando na faixa. Pelo menos eu acho que isso surgiu dos motoristas.
No início eu não concordava, mas acabei aderindo depois que um carro com pista alerta ligado foi o que me fez parar na faixa, pois eu não tinha visto o pedestre que ainda estava atrás de um ônibus na faixa da direita.
No Guará II, parece que nada está funcionando para os motoristas pararem.
Av. Contorno do Guará, na altura da QE 30 Foto minha |
Semáforos em vez de educação.
Talvez os prédios ao fundo tenham alguma relação com essa nova necessidade de controle do trânsito. Mudança de destinação das áreas e mudança do gabarito dos prédios. Como resultado, muito mais pessoas e carros circulando pela cidade.
Em outro ponto da mesma avenida, mas no sentido contrário, próximo à entrada do Polo de Moda do Guará, já havia faixa de pedestres e quebra-molas, talvez dez metros antes da faixa. Também instalaram um semáforo.
Quebra-molas em vez de educação. Agora, quebra-molas e semáforo em vez de educação.
Av. Contorno do Guará, pouco antes do Polo de Moda Foto minha |
Marcelo Elias
Comments
Post a Comment