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Como acabar com uma festa de aniversário chata

Antes de Calvin e Haroldo com conselhos sobre carreiras...

Adoro as Comédias da Vida Privada, de Luis Fernando Veríssimo. Me divirto todas!

De vez em quanto, tento fazer uma crônica no estilo Comédia da Vida Privada.

A história abaixo, quase aconteceu...

By the way, que relação isso tem com scaffolding my corporate schemata? Provavelmente nada, mas também é bom escrever sobre coisas outras.


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Como acabar com uma festa de aniversário chata

Caramba, que semana difícil. Tudo o que eu quero é ficar em casa. Sábado à tarde, descansando um pouco.


Putz! A festa. Hoje tem aquela festa. A gente tem de ir mesmo? Tem, né? É amiguinha da Nina e ela falou nessa festa a semana toda. Corri para o convite na esperança de que leria Apenas Para Nina. Mas ele dizia Para Nina e Família.


Tentei argumentar, encontrar uma outra interpretação para a frase, alguma coisa como Nina, sua irmã e sua mãe; o pai é só motorista e pode ficar em casa. Não houve jeito. Lá vamos nós... o esforço pela filha.


Festa normal. A aniversariante super feliz ao ver a Nina; a mãe diz que só chamou três coleguinhas da sala. Ainda bem que viemos. Ia ficar feio.


As mesas dos cantos já estavam tomadas. Sentamo-nos numa bem no meio do salão. Era essa ou uma perto da mesa do bolo ou outra perto da porta. Cada um sentou-se de um lado, meio que atrapalhando a passagem.


Salgadinho frito há mais de hora. Refrigerante e, se quiser cerveja, é só pedir. Melhor não. O cachorro quente até que estava bom. Comemos dois cada um e depois as meninas também comeram. A mesa de guloseimas logo foi violada e as poucas balinhas, pirulitos e confetes sumiram.


As crianças foram brincar, então éramos só nós dois. De vez em quando, uma vinha correndo, engolia um salgadinho e se mandava novamente.


Era cada roupa. Umas bregas, outras inapropriadas. Mas mãe e filha com o mesmo vestido foi de mais! Exatamente o mesmo vestido. A menina, de uns seis anos, se sentava no colo da mãe. A garota parecia uma miniatura da mulher.


Uma volta pelo parquinho, uma conversa rápida com um conhecido, outro cachorro quente (acho que foi isso que me fez sentir estranho no dia seguinte), uma Coca, por favor. Você quer um guaraná? Pai, quero água. Tô com fome. Vai correndo de volta para o parquinho.


Parecia que estávamos lá há quatro horas no mínimo. Uma hora e meia só e nem sinal de parabéns.


O salão já estava cheio. Já havíamos cedido uma mesa, duas cadeiras, o enfeite da mesa, a toalha da mesa. Estávamos praticamente sentados em uma cadeira só, bem pertinho um do outro, para abrir espaço para as pessoas circularem.


Chegou mais um assunto... um cara com uma camiseta do Santos. O problema não era a camisa. Ele tinha o escudo do Santos tatuado na batata da perna.


Tá na hora de acabar com essa tortura, por favor. Quero ir para casa, pelamordedeus.


Já sei. Chamei a aniversariante. De repente, nós dois começamos a cantar...


Aêêêêê, MariEduardaaaaaaa!


PARABÉNS PRA VOCÊ (aquelas duas vozes tentando superar o barulho do salão)/NESTA DATA QUERIDA (todos olhando, a molecada correndo para a mesa)/MUITAS FELICIDADES (hein?!)/MUITOS ANOS DE VIDA.


VAMOS LÁ, TODO MUUUUUNDOOOOOO.


PAAAAAARABÉÉÉÉÉNS PRAAAAAA VOOOOOOOOCÊ (a molecada empolgada ao redor da mesa)/NEEEESA DAAAAAATA QUEEEEERIDAAAAAA (a moça e a filha de vestidos iguais com as cabeças tortas, hã?!)/MUITAS FEEEEEEELICIDAAAAADES (a tia avó com o copo parado no meio do caminho entre a mesa e a boca com batom vermelho, a boca entreaberta)/MUITOS AAAAAAAAANOS DE VIIIIIIIIIDAAAAAA (metade já nos acompanhava).


Cantamos mais uma quatro vezes:


Agora, só as mulheres...


Vamos lá, só os homens com tatuagens de time de futebol na pernaaaaaa...


Só as mães e filhas com vestidos iguais... é isso aí!


Pra terminar, quem está de saco cheio e quer ir emboraaaaaa (sucesso total, grande parte do salão cantou junto).


E para encerrar:


É big, é big, é big, é big, é big

É hora, é hora, é hora, é hora, é hora
Rá-tim-bum
MariEduardá, mariEduardá, mariEduardá.

A molecada foi ao delírio. A tia avó de batom vemelho ainda estava imóvel com o copo na mão. A mãe da aniversariante já não tinha sangue da cintura para cima. O pai tinha veias pulsando na testa e no pescoço.


Tudo terminado, Nina pediu bolo. A molecada correu para a mesa e começou a devorar os docinhos que sobraram. A mãe da MariEduarda já estava sentada, uma tia abanando e outra trazendo água.


Os mais apressados já passaram pela mesa de lembrancinhas e pegaram as suas. Foi ótimo, obrigado pelo convite, tchau.


Missão cumprida. Mais uma feliz tarde de socialização. Crianças felizes e até segunda na hora de deixá-las na porta da escola.


Marcelo.

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