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Crônica das ondas


O economista russo Nicolai Kondratiev (Kondratieff?) acabara de lhe ser apresentado. Esses economistas têm umas ideias bacanas, né? Ele pensou.










Ele pensou imediatamente em sua vida profissional. Nunca falaram sobre carreira ou profissão em casa. Ele cresceu vendo o pai e a mãe trabalharem, sem manifestações de gostarem ou não do que faziam, nunca falaram em mudar de emprego, ou de fazerem um curso, tão pouco de uma promoção. Nesse momento, seu ciclo de ondas era um traço horizontal.

Simplesmente passou pela escola, bom aluno, nhem nhem nhem, mas zero de interesse por trabalho ou carreira. Mas o momento chegou. Todos os colegas da escola estavam envolvidos com testes vocacionais, setor público ou privado, o que estudar na universidade.

Sei lá, ele pensava. Assim, de repente? Ele achava difícil a decisão, por isso simplesmente seguiu o fluxo. Fez todos os vestibulares que os colegas fizeram, trocou de opção de curso, até fez concursos.

A primeira onda começava a ser criada.

Lugar certo, na hora certa. Lá estava ele quando uma conhecida lhe ofereceu um trabalho. Começou a trabalhar. Ondinha.

Sem saber, ali começava sua carreira, mesmo que ele ainda não se preocupasse com isso.

Iniciou um curso na universidade que não tinha relação alguma com seu trabalho, mas tudo bem. Estava aprendendo dobrado.

Nesse momento, parece que a curva de sua onda estava era mais íngreme e crescia mais rapidamente do que a dos colegas.

Os colegas se formaram. Ele não. Ainda trabalhava, tinha alguma grana, carro próprio, se sustentava e, consequentemente, ajudava em casa. Orgulhava-se disso, mas a tal da carreira ia bem devagar.

Os colegas começaram a trabalhar em áreas relacionadas às suas áreas de formação e começaram a ter sucesso. Ele tinha algum sucesso, mas parece que estava paradão na carreira. Aí ele passou a entender o que era carreira. Largou aquela universidade e foi estudar outra coisa.

Pareceu um toque de mágica. Formou-se e logo teve uma boa oportunidade. Opaaaa... novo ciclo e a curva voltou a subir rapidamente. Essa onda promete.

Realmente foi próspera a aquela onda, mas ele logo entendeu que, Agora sim!, estava numa carreira. Pensava em estudo contínuo, empresas maiores, promoção. Mas a onda começou a ficar pequena. Mais um ciclo estava no fim.

Demitiu-se e começou tudo novamente em uma empresa maior. Onda bem baixinha. Nesse momento, os colegas surfavam em ondas altas e rápidas. Mais um novo ciclo se iniciava, mas o desânimo o abalou. Onda baixa combinada com níveis mais básicos da pirâmide de Maslow.

Hoje ele entende que aquele ciclo iniciou mal e o que mais precisou naquele momento foi de resiliência e paciência.

Estava remando para subir naquela onda.

Deu certo. A onda crescia e aumentava a velocidade. Ele tinha de persistir e remar muito para aproveitá-la.

Espera agora pelo próximo ciclo. Hoje, ele é muito mais consciente, mas está numa onda muito mais desafiante também. Sabe que o ciclo ainda está no início porque a crista da onda está longe.

O grande desafio para ter uma carreira bem sucedia é saber quando pegar a próxima onda e conseguir influenciar nos ciclos. Ele compreendeu que não poderia fazer como na escola, seguir o fluxo. Agora, as ondas eram por sua conta.

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